sexta-feira, 20 de abril de 2007

Mayday, Mayday: O socorro ao nosso alcance...!


Discutir é importante. Agir - como direito e dever - é fundamental! A palavra desperta consciências, inquieta... Há que, contudo, não ignorar a angústia causada por esse acordar - Acreditemos em nós! O poder pertence a todos aqueles que o aceitam:

ORGANIZA-TE! MOBILIZA-TE!
Juntos construíremos um futuro melhor para todos!!!

MAYDAY... MAYDAY...



http://www.maydaylisboa.net/
http://groups.google.com/group/maydaypt

sexta-feira, 30 de março de 2007

Humanidade VS Produtividade

Sou jovem. Sou qualificada. À minha volta existem outros jovens como eu: qualificados e explorados.

Como motivar os jovens portugueses para a elevação da sua formação se ao mercado de trabalho apenas interessa a sua fragilidade?! A evidenciá-lo temos, no discurso do Sr. Ministro da Economia, argumentos surpreendentes e lamentáveis de motivação ao investimento estrangeiro em Portugal: baixos salários e fraca capacidade reinvindicatica por parte dos sindicatos...

Como jovem trabalhadora, não aceito estes argumentos. Sobretudo, recuso-me a aceitar o gigante de capital e desumanização do trabalho em que as empresas de trabalho temporário se estão a transformar, em detrimento da qualidade das condições laborais.

Fui apresentada a esta realidade de imoralidade e ilegalidade no fim de Janeiro deste ano através da empresa de trabalho temporário Multipessoal. Acabei por ser colocada, por intermédio desta, noutra empresa, a Contact (Es Contact Center - Gestão de Call Centers SA), em Cabo Ruivo, Lisboa, como operadora de call center. E sou então confrontada com a primeira situação anormal: a demora na realização dos contratos, de formação e de trabalho, que aconteceram somente após a segunda semana. Fui, fomos, eu e mais alguns, durante onze dias, mais uma sombra que engordou a tal entidade invisível, os ELES. Uma sombra ilegal, sem direitos. Apenas deveres. Caso alguma fiscalização (se existisse por ventura alguma não conivente com o sistema corrupto actual) surgisse nesta empresa como justificariam a minha presença ilegal e a de outras tantas sombras? Tios, irmãs, cunhadas, primos, enteadas?... Familiares bondosos que se disponibilizaram voluntariamente perante um acréscimo pontual de serviço?!

Hilariantemente, no dia em que assinei o contrato acabei por ser despedida, tal como cerca de outros vinte trabalhadores. Faltavam quinze minutos para o fim do turno. Uma das chefes de equipa reuniu a maior parte dos eleitos para o despedimento numa sala e cumpriu, submissa, o que lhe haviam ordenado: informar que naquele minuto preciso, e nos restantes que se seguiriam, não seriam mais necessários...

Pronto. É muito fácil despedir. Cada vez mais. Até mesmo nas escadas do metro... É verdade... O meu nome estava no fim da lista... Esqueceram-se de mim... Por sorte, a tal chefe de equipa ainda me encontrou a tempo no metro... Por sorte...! A moral da história? A moral? Era uma vez....

Quero ainda denunciar outras práticas que considero ilegais e imorais. Como a contradição entre o conteúdo do contrato de formação e a metodologia praticada. Passo a explicar: de acordo com o referido contrato, a formação duraria 5 dias e estaria dividida entre teoria e prática, sendo que esta última seria desenvolvida por meio de simulações, ou seja, de exercícios fictícios, fingidos, de imitação da realidade. O que acabou por acontecer foi o aproveitamento dos formandos em contexto real de trabalho, isto é, no segundo dia de formação estávamos já a produzir, realizando estudos válidos e reais... sem qualquer vínculo laboral...

Como o pagamento por meio de senhas de desconto, em locais de consumo vários (nomeadamente o Carrefour), de horas extraordinárias, solicitadas e liquidades pela Contact, sem o conhecimento da Multipessoal ou das outras empresas de trabalho temporário, essas sim, as únicas entidades legais responsáveis pela remuneração dos recursos humanos. Dado que as empresas em causa cobravam à cabeça e de acordo com as horas de trabalho de cada indivíduo, esta tinha vindo a ser uma estratégia descarada da Contact para poupar uns trocados... completamente à margem da lei!

Como a remuneração miserável oferecida, directamente proporcional à precaridade do contrato de trabalho... Direitos? Dignidade?...
Assim engordam os que defendem a produtividade de um país sem lei nem moral.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Precaridade... Podes fazer mais do que ficar de braços cruzados!

Todos nós construímos a precaridade. Pelo que também poderemos construir o oposto: regular de modo mais justo e digno as relações laborais entre trabalhadores e as respectivas entidades empregadoras.

O mercado, neste momento, obriga muitos de nós, cidadãos, a recorrer ao cada vez mais usual (e selvagem...) trabalho temporário e a abdicar de direitos mínimos de segurança, sujeitando-nos à instabilidade de um despedimento iminente; para além disso, envolve-nos num mundo de imoralidades e ilegalidades - desde o conteúdo dos contratos ao funcionamento da próprias empresas.

Quem ganha?... É quem engorda: os ELES, invisíveis e distantes, que lucram com a fragilidade dos trabalhadores precarizados.

NÓS, os perdedores neste jogo do capital - os explorados e maltratados - que vemos os nossos salários e condições de trabalho cada vez mais magras, desnutridos pela incapacidade de viver de forma autónoma e independente, temos o dever (e o privilégio!) de denunciar!

Este blog pretende ser um primeiro passo. Primeiro, denunciamos. Depois, chateamos. Neste sentido, enviem as vossas experiências de precaridade e ilegalidade ligadas ao trabalho temporário. Com base nos testemunhos apresentados, será criada uma petição para os grupos parlamentares, com o objectivo de exigir uma melhor regulamentação deste tipo de trabalho, que proteja os trabalhadores. Vamos chatear o governo. Os meios de comunicação. As empresas. O Mundo.

Porque temos de nos fazer existir. Só dando visibilidade à nossa realidade poderá acontecer a mudança. É o típico caso do cliente insatisfeito que reclama todos os dias... chateia tanto, tanto que ELES não conseguem esquecer-se dele... e acabam por negociar contrapartidas para ficar satisfeito e parar de chatear...

Vamos chatear?!